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Foto do escritorBrenno Barbosa

O Jardim Perdido de Burle Marx no Edifício Michelângelo

Atualizado: 23 de set.

Edifício Michelângelo. (Maria Laura Pires, 2022)

O Edifício Michelângelo, autoria de Acácio Gil Borsoi (1968), é importante por si só, sendo parte da extensa obra deste arquiteto, ícone da arquitetura moderna pernambucana.


Mas além disso, a edificação possuía um jardim desenhado por Roberto Burle Marx, o maior nome do paisagismo moderno brasileiro. O paisagista foi contratado pela Depaula-Engecol para ajardinar o majestoso prédio. O fato não muito conhecido, fora descoberto por meio de pesquisas em notícias e jornais antigos pela equipe Prédios do Recife.


Em1970 era noticiado a visita do paisagista à Recife, para acompanhar a finalização do ajardinamento do Edifício Michelângelo, que na época, estava próximo de ser entregue. Consta ainda que Burle Marx fora recebido pelo casal de arquitetos, Borsoi e Costa, além dos incorporadores responsáveis pela construção do prédio. A notícia é ilustrada com uma foto dos citados acima, posando em frente à edificação.


O jardim perdido de Burle Marx no Edifício Michelângelo. (Diário de Pernambuco - Ed 00063 - 1970)

O Michelângelo, presente no segundo volume da série Prédios do Recife, localiza-se na Avenida Boa Viagem, e na época era anunciado como "um dos edifícios mais luxuosos da cidade", recebendo adjetivos como "majestoso" e "exclusivo" nos classificados.


O triste é saber que o jardim em questão, que possivelmente hoje seria tombado, tal qual outras obras de Burle Marx, não existe mais. Em conversa da nossa equipe com Marco Antônio Borsoi, arquiteto e filho de Acácio Gil Borsoi, podemos confirmar que o jardim se perdeu em meio a obras e reformas realizadas no prédio ao longo das décadas passadas entre sua inauguração e os dias de hoje.


Não se sabe exatamente quando este foi demolido, mas não deixa de ser lamentável que parte do acervo de Burle Marx fora perdida para sempre, ficando presente apenas em registros mais antigos.


''Burle Marx no Michelângelo'' dizia a manchete no jornal. (Diário de Pernambuco - Ed 00063 - 1970)

Este texto vem como forma de tornar a existência deste jardim mais conhecido do público geral, e também como um lamento pelas peças históricas importantes que se foram, o que priva as futuras gerações de conhecê-las.


De certo, à época de sua perda, o jardim, mesmo de autoria de Burle Marx, ainda não era tido como patrimônio histórico, digno de ser preservado. Mas vale enxergar com otimismo e alívio o fato de que hoje, os jardins do renomado paisagista são tombados e preservados, a exemplo dos jardins da SUDENE e da praça Ministro Salgado Filho, em frente ao aeroporto do Recife, que ainda resistem.


Estas e outras obras de Burle Marx, graças a salvaguarda do patrimônio histórico, atualmente ainda podem ser estudadas e contempladas, e acima de tudo vivenciadas por todos.


Para saber mais informações sobre o Edifício Michelângelo, adquira o livro ''Prédios do Recife: Volume II'', de Maria Laura Pires, em formatos físico ou digital.




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