Após uma década fechado, a popular casa de espetáculos reabre como presente de Natal para a cidade do Recife
Por Lucas Rigaud e Maria Laura Pires
Erguido pelo Comendador Bento Luís de Aguiar e inaugurado pela Companhia Portuguesa de Operetas e Revistas do Teatro Avenida, em 24 de agosto de 1915, o Teatro do Parque comemorou seu aniversário de 105 anos com o anúncio de que a sua revitalização estaria pronta até o final do ano de 2020, o que, de fato, foi concretizado.
O processo de restauro do Teatro do Parque, que foi retomado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, reverenciou o estilo art-deco atribuído a casa de espetáculos desde a sua inauguração, em 1915. Mas, toda a reforma foi inspirada na primeira grande modificação no local, ocorrida em 1929. Para se aproximar ao máximo daquele ano, um minucioso trabalho de pesquisa foi realizado, conforme explicou a arquiteta responsável pelas obras, Simone Osias, no primeiro vídeo da nossa série, que pode ser revistos abaixo:
Entre os principais trabalhos realizados nas obras do Teatro do Parque, destacamos a restauração dos painéis localizados a esquerda e a direita do palco, de Mario Nunes e Álvaro Amorim, além da adesão de um processo técnico minucioso e lento para recuperar as pinturas originais do teatro através de raspagens. Também é importante frisar o tratamento e estabilização nos gradis de ferro do balcão superior do teatro e que as cadeiras do camarote foram replicadas com modelos da época, sendo que a única mudança drástica foi a instalação de um pano de vidro no peitoril, para adaptação às normas de segurança do corpo de bombeiros.
Balcão do Teatro. Foto: Lucas Rigaud
Venezianas do teatro. Foto: Maria Laura Pires, 2020.
Destacamos também o tratamento nas portas de venezianas do teatro, onde foram adicionadas delicadamente filetes de madeira para manter a sala de espetáculos escura, além da técnica de prospecção estratigráfica, isto é, um sistema de decapagem manual, com o auxílio de bisturis cirúrgicos, que consiste na remoção de camada a camada de estratos pictóricos para chegar à pintura original. Na obra, optou-se pela escolha cuidadosa de manter os estudos das chamadas "janelas de prospecção" pelo Teatro do Parque para todos os visitantes tomarem conhecimento das camadas de pintura deixadas ali sobre o substrato.
Painéis de Mario Nunes e Álvaro Amorim. Foto: Maria Laura Pires, 2020.
Prospecção: técnica de decapagem.
Fotos: Maria Laura Pires, 2020.
Localizado na Rua do Hospício, bairro da Boa Vista, no centro do Recife, o Teatro do Parque, além de ser dono de uma magnificência característica à época de sua construção, faz parte do cenário popular da cidade, guardando inúmeras lembranças e histórias. Sua reinauguração não é somente importante para alavancar as atividades turísticas e culturais do Recife, mas também para reestabelecer a conexão entre o povo recifense e a arte.
É sobre a importância do retorno do Teatro do Parque para a sociedade recifense e a cultura pernambucana que o gestor da casa de espetáculos, Marcelino Dias, conversou conosco em nossa visita mais recente ao local.
O Teatro do Parque será novamente aberto para o público a partir do dia 11 de dezembro. Para frequentar o espaço, é preciso seguir todas as normas sanitárias para evitar o contágio pela Covid-19 e, além disso, saber preservar um dos maiores templos das artes que a cidade do Recife tem o privilégio de possuir.
Hall de entrada do teatro. Foto: Maria Laura Pires, 2020.
Salão de espera do teatro. Fotos: Maria Laura Pires, 2020.
Paisagismo da área interna. Fotos: Maria Laura Pires, 2020.
Detalhes do local. Fotos: Maria Laura Pires, 2020.
Nova fachada do Teatro do Parque. Foto: Maria Laura Pires, 2020.
Bastidores do Teatro. Foto: Maria Laura Pires, 2020.
Teatro do Parque. Fotos: Maria Laura Pires, 2020.
Com o retorno da casa de espetáculos teatrais e cinematográficos mais popular da capital pernambucana, após mais de 10 anos fechado, fica evidente o quão fundamental é o processo de preservação e restauração do patrimônio. Em 105 anos de existência, o Teatro do Parque ainda tem muita história para acompanhar e contar para o povo. Portanto, cabe a cidade do Recife preservar sua existência e permitir que o teatro siga transmitido vida através de arte.
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