Portinari
Ano: 1969
Projeto: Acácio Gil Borsoi
Av. Boa Viagem, 6636
Por Maria Laura Pires e Ana Clara Bione
O edifício residencial Portinari, localizado na orla da praia de Boa Viagem, foi um projeto de 1969 com autoria de Acácio Gil Borsoi. O prédio conta com dois apartamentos por andar e traz uma verdadeira inovação em termos de concepção volumétrica.
Borsoi, nesse projeto, explora um interessante jogo de volumes côncavos e convexos para compor as varandas, que estão presentes na fachada principal do edifício, e que enquadram a paisagem com vista para o mar. Tal solução foi possível devido a combinação entre a concepção em planta baixa dos apartamentos, com a presença de elaborados arcos, que resultaram em uma forma experimental e harmoniosa responsável por criar superfícies dinâmicas e diferenciadas no seu volume externo.
É importante ressaltar que mesmo adotando essa forma ousada de composição para o edifício, o arquiteto não comprometeu as divisões internas dos apartamentos, que ainda sim contaram com a ortogonalidade na separação entre os cômodos garantindo, assim, um aproveitamento racional do espaço.
Um outro detalhe interessante são as aberturas laterais das janelas que formam um jogo de composição retangular que se sobressaem em diferentes planos do volume e compõem as laterais da fachada principal.
Merece uma atenção especial o coroamento do edifício concebido todo em linhas retas e que, ainda sim, consegue harmonizar com as linhas curvas presentes em todo o restante do corpo do prédio. Percebe-se ainda que uma das faces do edifício conta com a presença de uma torre cilíndrica toda em vidro onde situa-se a circulação vertical do edifício.
Nota-se que nesse projeto o arquiteto soube aproveitar de uma forma brilhante e inovadora a fachada principal o que torna o edifício como um todo marcante na orla de Boa Viagem. Essa obra revela uma matemática sensível que estrutura toda a sua concepção, conduzindo à uma agradável percepção de ordem, que busca manter relações proporcionais e harmônicas inerentes ao projeto arquitetônico. Essa obra trata-se, portanto, da materialização da filosofia de Borsoi quando este afirma que “o traçado regulador é a geometria oculta que nosso olho mede, reconhece e nos emociona na arquitetura.”