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ESPECIAL RECIFE DE FERRO – PONTE DA BOA VISTA

Conheça a história de uma das estruturas mais icônicas do centro da cidade.

Por Lucas Rigaud e Maria Laura Pires


Recife é caracterizada, principalmente, pelos rios e pontes que interligam suas ilhas, atribuindo-lhe o título de Veneza Pernambucana. Desde a época de domínio dos holandeses, a cidade era agraciada com estruturas que cortavam as águas fluviais e facilitavam a travessia, que, outrora, era realiza por meio de balsas. A bucólica Ponte da Boa Vista teve suas origens associadas a esse período histórico, mas, ao longo dos anos, passou por inúmeras mudanças e descaracterizações.

Ponte de Ferro. Foto: Maria Laura Pires (2019)

Ligando a Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, e a Rua da Imperatriz Tereza Cristina, na Boa Vista, a Ponte da Boa Vista, popularmente conhecida como Ponte de Ferro, surgiu quase que simultaneamente à Ponte do Recife (local da atual Ponte Maurício de Nassau), em 1644, construída em sete semanas, a mando do Conde Maurício de Nassau.

No livro “O Recife e seus Bairros”, o escritor Carlos Bezerra Cavalcanti explica que a Ponte Holandesa da Boa Vista, como era chamada, possuía uma estrutura muito precária, na época de sua construção. A estrutura, na verdade, era um simples caminho sobre as águas do Capibaribe que partia do Palácio da Boa Vista, local onde atualmente encontra-se o Convento do Carmo, para o atual Cais José Mariano. A ponte não era uma linha reta e formação um ângulo obtuso.


UMA NOVA ESTRUTURA

Sobrevivendo durante 1 século, a Ponte Holandesa da Boa Vista foi destruída a mando do Governador da província de Pernambuco, Henrique Luís Pereira Freire (1737-1746), para a construção de uma nova estrutura exatamente no lugar da que existe atualmente.

A nova ponte, que possuía estrutura de madeira, passou por modificações ao longo dos anos, recebendo gradis de ferro e calçamento com seixos irregulares trazidos de Fernando de Noronha, em 1815. O projeto, assinado pelo engenheiro Antônio Bernardino Pereira do Lago, também contava com varandas de cada lado da ponte, onde haviam bancos de madeira.


Centro do Recife. Foto: Maria Laura Pires (2019)

ATUAL PONTE DE FERRO

A Ponte da Boa Vista que conhecemos atualmente começou a ganhar vida partir de 1876. Por ordem do então governador da província de Pernambuco, Henrique Pereira de Lucena (futuro Barão de Lucena), foram iniciadas as obras de reconstrução da estrutura, que contou com o projeto do engenheiro Francisco Pereira Passos.

A Ponte de Ferro da Boa Vista foi inaugurada em 7 de setembro de 1876. Sua estrutura inteiramente metálica foi trazida pronta da Inglaterra. Toda em ferro batido, possuía as mesmas medidas atuais: duas passarelas laterais de 2 m de largura, destinadas aos pedestres, e um vão central para veículos e animais, medindo 7,70 m. O monumento tornou-se um dos principais exemplos do avanço da arquitetura em ferro no Brasil, durante o século XIX, assim como o Mercado se São José, também localizado no Centro do Recife.

Durante as primeiras décadas do século XX, a Ponte da Boa Vista era um dos principais pontos de encontro da sociedade Recifense, servindo também como palco para desfiles das últimas novidades da moda. Devido a sua aparência de uma ponte ferroviária, a Ponte de Ferro é muito semelhante à Ponte Nova de Paris, construída, em 1578, no reinado de Henrique III, o que influenciou o trabalho de diversos fotógrafos pernambucanos, se tornando um dos mais importantes cartões postais da cidade.


Gradis de Ferro. Foto: Maria Laura Pires (2019)

DESTRUIÇÃO, REFORMA E ATUALMENTE

Entre 1965 e 1966, as enchentes do Rio Capibaribe prejudicaram a Ponte da Boa Vista, destruindo parcialmente sua estrutura. Em 1967, durante a gestão do Governador Augusto Lucena, a ponte foi restaurada.

Na mesma época, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) embargou a obra da Ponte de Ferro da Boa Vista, porém suas passarelas já haviam sido alargadas, seus pilares unidos por um revestimento de concreto até o nível da água e toda a estrutura do lastro inferior já havia sido concretada, gerando uma descaracterização.

Atualmente, a Ponte de Ferro continua sendo um dos principais cartões postais da cidade, sendo ponto de parada de diversos turistas e admiradores da cidade, que contemplam as águas do Capibaribe e a paisagem privilegiada da Veneza Pernambucana. O local também serve como palco para várias manifestações artísticas, além de ser o set de diversos trabalhos de fotografia, cinema e publicidade.

É uma das pontes mais típicas da paisagem urbana Recifense, destacando-se pela estrutura metálica, suas cores e por interligar duas das mais movimentadas ruas do centro da cidade.


Detalhes da estrutura. Foto: Maria Laura Pires (2019)

EXTREMIDADES

Os principais destaques na arquitetura da Ponte da Boa Vista são as quatro pilastras metálicas nas suas extremidades. Em todas elas, há um brasão imperial no alto e datas de acontecimentos que marcaram a história do Estado de Pernambuco e do Brasil, como “feitoria” de Olinda, em 1535, a invasão dos holandeses (1630); as Batalhas das Tabocas, de Casa Forte (1645) e dos Guararapes (1648-1649); a restauração de Pernambuco (1654); a Guerra dos Mascates (1710); a Revolução de 1817; a Confederação do Equador (1824); a abdicação de Pedro I e início do reinado de Pedro II (1831).


Extremidades. Foto: Maria Laura Pires (2019)


FONTES:

GASPAR, Lúcia. Ponte da Boa Vista (Recife, PE). In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2005

Diario de Pernambuco – Patrícia Monteiro

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