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Livros que inspiraram o Prédios do Recife

Por Maria Laura Pires


Todo autor tem suas inspirações, e com meus livros não seria diferente. As obras abaixo me inspiraram tanto para o meu trabalho de graduação que virou livro, ''A Significância do Patrimônio Moderno no bairro de Santo Antônio'', como no ''Prédios do Recife''. Confira abaixo um resumo sobre os livros que me inspiraram e seus autores:

1- Arquitetura Moderna no Recife - Guilah Naslavsky (2012)


O livro Arquitetura Moderna no Recife: 1949 - 1972, de autoría de Guilah Naslavsky,é responsável pelo estudo e identificação das edificações que constituem exemplares notáveis do patrimônio arquitetônico do Recife, como a exemplo dos edifícios Pirapama (Boa Vista), Acaiaca (Boa Viagem) e o edifício-sede do Bandepe (hoje Santander, Bairro do Recife), destacando o trabalho dos importantes arquitetos Acácio Gil Borsoi, Delfim Amorim e Mário Russo. O livro, publicado pela primeira vez em 2012, contém cerca de 200 fotografias, e tem como objetivo trazer conhecimento e sensibilizar a população em relação ao acervo arquitetônico modernista na cidade do Recife tendo como objetivo principal a preservação desse importante patrimônio artístico.


Citação: NASLAVSKY, Guilah. Arquitetura Moderna no Recife: 1949-1972. Recife, [s. n.], 2012.


Sobre a autora: Arquiteta e urbanista (UFPE, 1992), mestre e doutora pela FAU USP, lecionou na UFPB (2008-2010). É professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE e do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano.


 


2 - As Catedrais Continuam Brancas - Amélia Reynaldo (2017)


A partir de seu trabalho de pesquisa, desenvolvido no programa de doutorado em Urbanismo, Amélia Reynaldo propõe um estudo sobre as intervenções urbanísticas ocorridas nos bairros de Santo Antônio e São José durante o século XX. No texto, a autora observa e enfatiza a importância das igrejas nas orientações das paisagens desses bairros, que passam a carregar significados políticos e estéticos, compartilhando a função de elemento-chave dentro da configuração urbanística.


Publicado em 2017, ao longo das 449 páginas, Amélia realiza um importante histórico das características presentes nas sucessivas intervenções urbanísticas no século passado, trazendo ainda um rico acervo com 180 ilustrações em forma de fotografias, desenhos, plantas e mapas. A escritora ressalta ainda que as construções religiosas, presentes nesses dois bairros do Recife, são os elementos que determinam permanentemente a ocupação do espaço, uma vez que esta foi uma época onde coexistiram pela primeira vez o modernismo e a preservação do patrimônio.


Citação: REYNALDO, Amélia. As catedrais continuam brancas. Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), 2017.


Sobre a autora: Amélia Maria Oliveira Reynaldo é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1973) e doutora pela Universitat Politècnica de Catalunya, Espanha (1998). Atualmente é professora assistente IV da Universidade Católica de Pernambuco. Atua em Arquitetura e Urbanismo com ênfase em Planejamento e Projeto do Espaço Urbano, principalmente nos segmentos intervenção urbana, desenvolvimento regional, desenvolvimento urbano, preservação e intervenção em áreas históricas.


 

3 - Obituário Arquitetônico: Pernambuco Modernista - Luiz Amorim (2007)


Neste livro de Luiz Amorim, tendo sua primeira edição em 2007, o tema da conservação do patrimônio modernista no estado de Pernambuco é tratado sob a ótica da demolição e descaracterização de seus exemplares mais significativos. Segundo o autor, essa perda de exemplares é interpretada como uma verdadeira morte arquitetônica. O arquiteto Amorim registrou 22 destas mortes em detalhes, contando suas histórias, documentando a partir de desenhos, as obras que faleceram com o tempo sem adquirir os seus devidos reparos necessários, relatando ainda as novas obras que surgiram em seu lugar e que atualmente a descaracterizam.


O livro de Luiz Amorim inaugura uma pergunta importante para todos nós. Como é que a cultura arquitetônica deveria lidar com a morte de seus objetos, os espaços construídos? A tomar por este inovador obituário, temos lidado muito mal com as mortes arquitetônicas.Dessa forma, o livro “Obituário Arquitetônico: Pernambuco Modernista” cumpre o nobre e sempre doloroso papel de registrar a altíssima taxa de natalidade que aflige o nosso patrimônio moderno arquitetônico.


Citação: AMORIM, Luiz Manuel do Eirado. Obituário arquitetônico. Pernambuco modernista. Recife: Editora UFPE, 2007.


Sobre o autor: Arquiteto e Urbanista formado pela UFPE. PhD em Advanced Architectural Studies na Bartlett School of Graduate Studies University College London. Hoje é professor associado da UFPE.


 

4 - Guia Comum do Centro do Recife - Bruna Rafaella Ferrer (2015)


O livro Guia Comum do Centro do Recife, lançado em 2015, idealizado pela artista visual e pesquisadora Bruna Rafaella Ferrer, é resultado de um ano inteiro de pesquisa voltada para a questão do processo de modificação da paisagem urbana do Recife. No Guia foram levantados cerca de quarenta lugares e situações de resistência no centro da cidade, sob a ótica de ilustradores, escritores, cinéfilos, moradores, comerciantes, urbanistas e músicos.


Trata-se de um guia afetivo sobre a cidade do Recife que convida os amantes da capital pernambucana, em tempos modernos e apressados, a contemplarem a cidade sob outro olhar, percebendo os locais que o recifense costuma passar diariamente, mas que hoje em dia estão completamente esquecidos. Tendo em mãos esta publicação elaborada por uma perspectiva poética e crítica, os indivíduos são convidados então a refletir sobre a cidade.

A obra inclui espaços físicos como o Cinema São Luiz e o Teatro do Parque, mas possui foco também nos detalhes, narrando as experiências que fazem parte da memória afetiva dos frequentadores da região, relatando até mesmo lugares que já não existem mais (como a Ponte Giratória, a Igreja dos Martírios e a maior parte dos cinemas de rua) e sobre o que resiste (o Cais José Estelita, o Sebo da Avenida Guararapes, o Bairro dos Coelhos, o Bairro do Pilar, o Coque e o Teatro do Parque).


Comenta-se ainda sobre o medo da violência na descrição do comportamento dos passageiros e pessoas que trabalham nas linhas bacurau. Pelas citações ao Movimento Ocupe Estelita e à ação dos moradores dos bairros dos Coelhos, do Pilar e do Coque, fala-se sobre a ocupação dos espaços urbanos citando questões políticas, econômicas e sociais. O comércio é um dos pontos lembrados no Guia, remetendo à lembrança da cidade-mascate. Assim como são mostradas a pesca urbana, antigos empreendimentos que passam por gerações de uma família ou um comércio mais recente, feito em grande parte por migrantes de países africanos e asiáticos.

Ao folhear as páginas do Guia, o leitor é lembrado de que um espaço urbano não é caracterizado apenas pelo que está no plano físico, na relação entre os elementos da geografia natural e os construídos. Existe também o que é fruto da experiência humana nessas localidades, como os afetos, as atividades desenvolvidas, as intervenções artísticas. Como diz a própria autora “Todo território é subjetivo, já que foi submetido a linhas imaginadas pelo homem”.


 

Referências Bibliográficas

BITTENCOURT, Sandra. Postado em: 19 de abril de 2017. Disponível em: <https://goo.gl/gbBgCk>. Acesso em: 11 de junho de 2021.

ROMANO, Guerra. Guia de Livros Vitruvius. Livro: Arquitetura Moderna no Recife: 1949 - 1972. Acesso em <https://vitruvius.com.br/pesquisa/bookshelf/book/1401>. Acesso em: 11 de junho de 2021.

ROMANO, Guerra. Guia de Livros Vitruvius. Livro: Obituário arquitetônico: Pernambuco Modernista. Acesso em <https://vitruvius.com.br/pesquisa/bookshelf/book/229>. Acesso em: 11 de junho de 2021.

LUIZ, Fernando. Ars longa, vita brevis? Resenhas Online Vitruvius. Livro: Obituário arquitetônico: Pernambuco Modernista. Acesso em <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/06.071/3098>. Acesso em: 11 de junho de 2021.

Guia comum do centro do Recife apresenta espaços e experiências da cidade de Resenhas Blog No Intervalo. Acesso em <https://nointervalo.com/2016/07/10/guia-comum-do-centro-do-recife-apresenta-espacos-e-experiencias-da-cidade/>. Acesso em: 11 de junho de 2021.




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