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O LEGADO DE WANDENKOLK TINOCO PARA A ARQUITETURA PERNAMBUCANA

Atualizado: 6 de ago. de 2021

Arquiteto foi um dos principais nomes do Modernismo no Estado

Por Lucas Rigaud e Maria Laura Pires


Wandenkolk Tinoco na década de 1970. Fonte: Vitruvius

Faleceu essa semana (04/08), aos 85 anos, o arquiteto e professor aposentado Wandenkolk Tinoco, em decorrência de complicações da Covid-19. O profissional foi responsável por levar às altas estruturas dos prédios residenciais a mesma atmosfera de uma casa no chão, adotando os conceitos dos espaços ajardinados, denominados de Edifício-Quintal.


Tinoco era um dos principais nomes do Modernismo e referência no estilo arquitetônico em Pernambuco, projetando cerca de 40 prédios com traços modernos, tendo como destaque os Edifícios Villas, construídos a partir da década de 1970, principalmente o Villa Mariana (1976), que foi capa da primeira edição do livro Prédios do Recife.


Nascido no Recife, no ano de 1936, Wandenkolk Tinoco se formou na Escola de Belas-Artes de Pernambuco, em 1958, onde foi aluno de arquitetos modernos renomados, como Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi. Naquela época, a consolidação do Modernismo nas casas e prédios da cidade contribuiu para a carreira do artista, que também trabalhou como assistente de Amorim na Escola.


Entre os anos de 1960 e 1970, o arquiteto buscou, para o desenvolvimento de suas obras, valores que aproximavam os apartamentos de edifícios com o solo, para amenizar a transição da casa térrea para as residências em prédios. Um dos elementos mais importantes adotados por Tinoco, para proporcionar aos moradores algo que não fosse distante das casas, era o quintal. Sendo assim, o artista desenvolveu diversos esboços onde procurava articular jardineiras suspensas dispostas na borda dos andares dos edifícios, unindo a vegetação à composição das fachadas das edificações, o que possibilitava, além de amenizar a aridez dessas fachadas perpendiculares, a criação de um jogo de saliências e reentrâncias que proporcionavam uma grande riqueza ao volume do edifício, que, segundo o próprio Tinoco, “se reportava à exuberância da nossa paisagem tropical”.


Trabalhando com a construtora AC Cruz, de Antônio Callou Cruz, Tinoco desenvolveu o projeto de uma série de edifícios denominados Villas, sendo os mais famosos os Villa Bella (1974), Villa da Praia (1977), Villa Cristina (1978) e Villa Marianna (1976), atribuindo a estes as jardineiras típicas de seus Edifícios-Quintais. Suas obras trouxeram uma perfeita harmonia entre as construções verticais e a natureza, preservando o verde e o contato dos moradores de uma cidade grande com o meio ambiente. Dessa forma, o arquiteto procurava inserir seus edifícios de forma harmoniosa na paisagem urbana, buscando uma arquitetura discreta, longe do monumental.


O Edifício Villa Bella, de 1974, foi o primeiro da série de edifícios-quintais/edifícios-jardins, sendo projetado em parceria com seu sócio, Ênio Eskinazi. Mas, foi o Villa Mariana (1976), na Praça Fleming, entre os bairros da Tamarineira e Jaqueira, que ganhou mais influência por ter um maior espaço de jardim nas fachadas, sendo protegido por lei municipal da cidade do Recife, além de constituir como um Imóvel Especial de Preservação, desde 1996.


Edifício Villa Marianna. Foto: Maria Laura Pires (2016)

Wandenkolk Tinoco era descendente de alemães, por parte da família materna, e de holandeses, proveniente do pai. O artista residia em uma arborizada e bucólica residência no bairro da Várzea, onde também servia de ateliê e vitrine do seu icônico e premiada trabalho. Local este premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), sendo também um reflexo de seus projetos arquitetônicos por harmonizar construções com a natureza e elementos regionais. Desde o início de sua carreira, o uso de materiais e técnicas locais, como telhas de cerâmica, azulejos, venezianas e combogós, caracterizavam seu estilo.


Edifício Villa Marianna. Foto: Maria Laura Pires (2016)

Sua história já foi contada no documentário “Wandenkolk Tinoco: Entre o Verde e a Sombra”, de 2018, realizado pelo arquiteto e urbanista Bruno Firmino, que já foi exibido em países como Portugal e Espanha. Tinoco também foi professor do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco, onde lecionou e inspirou uma geração de arquitetos pernambucanos.

O prédio também ilustra a capa do primeiro volume do livro ''Prédios do Recife''.



O falecimento de Wandenkolk Tinoco deixa um grande vazio na história arquitetônica pernambucana e nordestina. Graças aos seus fabulosos trabalhos, a população pôde se acostumar com a transição da casa térrea para o apartamento, além de gerar mais harmonia, verde, sombra e circulação de ar entre os arranha céus da cidade.


Fontes: ufpe.com.br

Vitruvius.com.br/arquitetos – Fernando Diniz e Ana Carolina de Mello Freire

Diário de Pernambuco

Folha de Pernambuco


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